Aquisição da Linguagem

 

Depois desse breve histórico sobre os estudos da linguagem, vamos ver sobre o que a trata a Aquisição da Linguagem.

 

 

A aquisição da Linguagem trata de questões fundamentais não apenas para a pesquisa linguística, pois apresenta dados de produção, percepção e compreensão de enunciados linguísticos por parte da criança, mas também para o estudo da cognição humana, considerando que ela pretende explicar de que modo o ser humano vai adquirindo, desde o momento em que nasce, naturalmente, modos de expressão verbal e não verbal e formas de interagir com o outro, dependendo do contexto, da situação de comunicação e dos interlocutores envolvidos nesse processo dialógico.

 

 

AS TEORIAS DA AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

Depois desse breve histórico sobre os estudos da linguagem, vamos ver quais são, então, as principais teorias que fundamentam a Aquisição da Linguagem. As principais teorias da Aquisição da linguagem são a Empirista e a Racionalista.   

A proposta empirista não considerava a mente como um componente fundamental para justificar o processo de aquisição. Para ela, importava o fato de o conhecimento humano ser derivado da experiência  e que a única capacidade inata que ele possuía é a de formar associações entre estímulos e respostas. (E-R). Dentro da teoria emprista temos o Behaviorismo e o Conexionismo.

A teoria Behaviorista

 

Para que possamos melhor entender a Teoria Behaviorista da Linguagem importante é entendermos as acepções do termo: psicológica e lingüisticamente. No âmbito da psicologia, o behaviorismo é teoria e método de investigação psicológica que procura examinar do modo mais objetivo o comportamento humano e dos animais, com ênfase nos fatos objetivos (estímulos e reações), sem fazer recurso à introspecção.

No âmbito escolar, podemos sentir bem a presença ou atitude behaviorista da escola, quando oferta um ensino repetitivo, reprodutivista, pouco reflexivo, em que o aluno, considerado uma tábula rasa, está, em sala para receber conhecimento, não se reconhecendo, assim, no educando, um ser atuante no processo de aprendizagem. Exercícios prontos, acabados, com um sentido só, entre outras características do modelo tradicional.

O behaviorismo é doutrina apoiada na proposta teórica de  B. F. Skinner, que busca explicar os fenômenos da comunicação lingüística e da significação na língua em termos de estímulos observáveis e respostas produzidas pelos falantes em situações específicas.

A teoria behaviorista durou, principalmente, nos anos 50, no domínio da psicologia como no domínio da lingüística. A teoria behaviorista da linguagem parte do pressuposto de que o processo de aprendizagem consiste numa cadeia de estímulo-resposta-reforço. O ambiente fornece os estímulos - neste caso, estímulos lingüísticos - e a criança fornece as repostas - tanto pela compreensão como pela produção lingüística. A criança, por esta teoria, durante o processo de aquisição lingüística, é recompensada ou reforçada na sua produção pelos adultos que a rodeiam.

 

O Conexionismo

Dentro da teoria empirista temos o Conexioniosmo que é uma proposta relativamente nova, que surgiu nos últimos 15 anos. Os modelos conexionistas tem por objetivo explicar os mecanismos que embasam o processo mental, e a linguagem é apenas um desses processos. Os modelos conexionistas, por exemplo, podem ser treindados para aprender a flexionar os verbos no passado, a sonirizar textos escritos, pegar bolas, etc.

As propostas conexionistas buscam a interação entre o organsmo e o ambiente, assumindo a existencia de um algoritmo de aprendizagem interno que  permite o aprendizado a partir de experiências. A aprendizagem está vinculada a mudanças nas conexões neurais, cada vez que um estímulo (dado de entrada – input) e de saída (output) ativa, ao mesmo tempo determinados neurônios, a conexão entre eles torna-se mais forte.

A teoria conexionista não fornece explicaçãoes sufcientes que justifiquem a rapidez com que a criança aprende uma língua, os erros que ela comete, por que razão ela começa a adquirir e nem consegue prever o início desse processo.

 

 

 

 

 

 

A teoria Racionalista.

                Depois de conhecermos um pouco sobre a teoria empirista e suas ramificações, passamos agora a Teoria Racionalista. O empirismo dá ligar ao Racionalismo, não apenas admite a existência da mente, mas atribui a ela a “responsabilidade pela aquisição”. Ao estabelecer uma relação entre linguagem e mente, pressupõe-se a existência de uma capacidade inata que subjaz o processo da aquisição.

 

O Inatismo.

                O inatismo apresenta o ser humano como um agente estático, sem a possibilidade de sofrer mudanças. Desta forma, quando o homem nasce, sua personalidade, valores, hábitos, crenças, pensamento, emoções e conduta social já estão definidos, uma vez que toda a atividade de conhecimento é exclusiva do sujeito, o meio não participa dela.

Consoante Chomsky, as crianças nascem predestinadas a desenvolver determinadas capacidades, estas sendo herdadas geneticamente. No entanto, estas capacidades só podem ser desenvolvidas através  do contato com outras pessoas falantes. A criança precisa estar inserida em um meio em que haja pessoas falando, para despertar nela o desenvolvimento da competência que ela possui de forma inata, porque se ela não for inserida nesse meio, essa capacidade não poderá ser desenvolvida. Para exemplificar o que está sendo afirmado, tem-se um caso de um rapaz chamado Kaspar Hauser, cujo cresceu, desde muito pequeno, isoladamente, tendo sido privado deste ambiente necessário para adquirir a linguagem. Por esse motivo ele foi incapaz de desenvolver sua capacidade de fala. Somente, com aproximadamente 15 anos, segundo registros que se tem, é que ele conseguiu pronunciar suas primeiras palavras. Isso porque nessa idade ele teve seu primeiro contado com um falante, cujo lhe ensinou também a ler e a escrever. E depois disso conseguiu inseri-lo na vida social; sendo, portanto, a partir dessa época que ele pôde aumentar seu acervo de palavras, expressões verbais e a formar sua gramática de forma abundante, por estar inserido num ambiente que continha inúmeros falantes.

                Há uma proposição feita por Chomsky (1965), citado por Alessandra Del Ré et al. (2006), cuja afirma que “cada criança nasceria com uma fechadura, pronta para receber uma chave; cada chave acionaria a aquisição de uma língua diferente, daí todas nascerem com a mesma capacidade e poderem adquirir as mais diferentes línguas”.

Dando continuidade às teorias lingüísticas de Chomsky, buscando explicar curiosidades envolvidas à questão da aquisição da linguagem, tem-se a teoria da Gramática Universal e a teoria de princípios e parâmetros. Chomsky (1965) propõe que:

... a criança tem um disposlïtvo de aquisição da linguagem (DAL) inato que é ativado e trabalha a partir de sentenças (Input) e gera como resultado a gramática da língua à qual a criança está exposta. Segundo o autor, esse dispositivo é formado por uma série de regras, e a criança, em contato com sentenças de uma língua, seleciona as regras que funcionam naquela língua em particular, desativando as que não têm nenhum papel.

Seguindo essa afirmação, existe na criança uma gramática universal congênita, onde há regras que serão selecionadas por ela, através do critério de quais as que estão ativas em sua língua de origem.

A teoria de princípios e parâmetros de Chomsky, muda o conceito de Gramática Universal, pois a primeira afirma que a segunda é formada de princípios invariantes, cujos se aplicam de  igual forma em qualquer língua; o que vai variar e dar origem às diferenças entre as línguas e às mudanças numa mesma língua são os parâmetros. Quem vai decidir qual valor atribuir a cada parâmetro é a própria criança.

Ainda há muito o que explorar da teoria Inatista da Aquisição da Linguagem, pois as pesquisas e os trabalhos realizados pelos racionalistas são bem extensos e profundos. Apesar da extensão e profundeza desses trabalhos continua havendo incógnitas, perguntas para serem respondidas. Mesmo assim, a contribuição dada pelos estudos já realizados foi de grande valia, pois contribui significativamente para se entender mais sobre a origem e desenvolvimento dessa capacidade peculiar do ser humano.

 

 

 

 

 

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